Até o fim da Idade Média as bolsas desfrutavam de uma androgenia a parte, através de variações, tamanhos, ornamentos e capacidade interna peculiar a cada sexo. As bolsas masculinas, maiores que as femininas eram geralmente feitas de couro, peles, tecidos ornados com franjas, pingentes, bordados em fios de ouro, prata e pedrarias. Algumas bolsas chegavam a custar mais caras do que o ouro da época. As pochetes eram pequenas e chatas, presas bem rentes a cintura. Já os sacos eram maiores e suspensos por longos cordões, muitas vezes chegando abaixo do joelho.
Certas bolsas “especiais”, tinham o objetivo de carregar itens como remédios, tabaco, rapé, chaves, leques, escovas de cabelos e algumas foram desenhadas para armazenar relíquias e livros de oração, conhecidas como bolsas relicário.
No século XV as bolsas ainda continuavam a ser usadas suspensas pelo cinto tanto por homens como por mulheres. Na versão feminina era chamada de escarelle (palavra francesa escar, que significa avarento). Na versão masculina, estilo à bolso (um modelo retangular) e à esmoleiro (trapezoidal ou quadrada).
A prática medieval de dar esmolas deu origem a uma bolsa chamada Almoniere. Ela foi usada predominantemente nas Cruzadas, continuando no período Gótico e na Renascença. Designada para carregar moedas de ouro, foi dada pelo clero a membros das Cruzadas. Foram confeccionadas em seda, linho, veludo ou em couro, suspensas na cintura por cinturões ou cordões.
Durante o século XVI a demanda por bolsas cresceu de tal maneira que sociedades especializadas na confecção das mesmas começou a surgir por toda a Europa.
Durante o século XVI, as mulheres escondiam sob suas saias volumosas, seus pertences pessoais. Foi durante este período que surgiram os pockets (bolsos). Geralmente eram feitos em pares, ligados por fitas ou cordões para serem usados sob as saias e anáguas. Confeccionados em linho, algodão, sarja e flanela, no começo foram feitos sem muita ostentação já que ficavam escondidos. As saias possuíam uma abertura em cada lado para dar acesso a estes “bolsos”. As mulheres guardavam seus objetos pessoais neles.
Com a evolução da moda, mais e mais bolsos foram adicionados às roupas masculinas e no caso das femininas esses bolsos foram ficando cada vez maiores e mais profundos.
As mulheres do século XVII tinham o costume de carregar em seus bolsos, espelhos, sais de cheiro, garrafas de bebidas, leques, etc.
A bolsa estilo carteira, originária do século XVIII, foi usada tanto por homens como por mulheres para carregar documentos. Foi desenvolvida tanto em couro como em seda.
Os bolsos já conhecidos do século passado, tiveram papel importante no vestuário feminino do século XVIII. Com o passar do tempo, eles passaram a ser adornados com bordados e aplicações. Muitas mulheres os deixavam arrolados em seus testamentos, para amigos e parentes. Estes não eram designados para carregar dinheiro e sim pertences pessoais, já que existia outra bolsa para esse objetivo, e que veio a ser mais tarde a precursora da carteira.
No começo do séc. XIX as bolsas foram desenvolvidas em resposta as mudanças na indumentária feminina. As primeiras foram desenvolvidas para transportar objetos de acordo com a classe social de cada mulher, como lenços de mão, leques, cartas, cartões de visita. Desta maneira tornaram-se indispensáveis na Inglaterra e consideradas “ridicules” (ridículas) na França.
Com o progresso do século XIX, o termo francês “ridicules” passou a ser denominado “retícule”,termo este que foi usado tanto na França como na Inglaterra a partir de 1912 para designar as bolsas da época.
As primeiras retícules foram confeccionadas com o mesma cor e tecido do vestido, como o veludo e a seda, ornadas com alças de cordões ou correntes. Muitas destas bolsas foram feitas em casa por jovens que tinham habilidades manuais.
As retícules tornaram-se essenciais no traje feminino durante o primeiro império francês, o período neoclássico entre 1804 até 1914.
As retícules do século XIX, refletiam as mudanças da moda, e com o passar dos tempos, passaram a ser adornadas com pérolas, bordados, renda, fio de seda, cetim, couro, ráfia e madrepérola.
No começo do século XIX uma bolsa (reticule) foi usada para levar panfletos com mensagens sobre a emancipação dos negros.
Talvez, tenha sido vendida para arrecadar fundos para a “Sociedade de Senhoras Protetora dos Negros”, fundada em 1725.
Fonte: Escola SENAI “Maria Angelina Vicente de Azevedo Franceschini”
Para saber mais: http://www.sinacouro.org.br/bolsa/Pages/pg6.htm
Quanto mais leio, mais vejo como temos muitas historias para aprender.
ResponderExcluirSempre que vejo um retícules lembro-me de vc.
Parabéns pela ideia.
Beijocas amiga